A inovação financeira leva um ritmo mais lento do que outras áreas. O mercado financeiro global parece um colosso desajeitado em comparação com a criptosfera, onde as mudanças estão acontecendo em um ritmo incrível. No entanto, o progresso agora atingiu moedas importantes. Os apelos à introdução de euros e dólares digitais são cada vez mais ouvidos no mercado global e o seu impacto no futuro do mundo financeiro está sendo estudado.
De acordo com especialistas, o BCE está considerando seriamente o lançamento de um análogo virtual do euro em papel. Um mês após a publicação de um relatório sobre o tema, Christine Lagarde, chefe do regulador, confirmou a intenção das autoridades monetárias da zona do euro de receberem sua moeda eletrônica em dois a quatro anos. Se tal cenário se concretizar, o BCE pode ultrapassar outros bancos centrais, incluindo o Federal Reserve dos EUA.
Os analistas acreditam que a zona do euro enfrentará as mesmas dificuldades de emissão de dinheiro digital que outros países. No entanto, essas complexidades empalidecem diante da oportunidade única de desafiar o dólar. O único desafio será minimizar os riscos necessários ao funcionamento estável do sistema financeiro global.
Os cálculos dos especialistas baseiam-se na estratégia por trás das moedas digitais do banco central (CBDC). Trata-se de abrir mão de dinheiro quase que completamente, pois os consumidores preferem os pagamentos eletrônicos. Ao mesmo tempo, são realizadas transferências entre pessoas físicas (pagamentos P2P), que não são controladas pelos bancos. No entanto, a última opção não é adequada aos bancos centrais, que estão acostumados a administrar o sistema monetário e a manter o controle. O desafio para os desenvolvedores de meios digitais de pagamento é encontrar um meio-termo entre reguladores e usuários.
Os especialistas acreditam que um dos riscos significativos da introdução do euro eletrônico é a sua estreita ligação com o sistema bancário. É possível que os cidadãos considerem as carteiras digitais do banco central mais confiáveis do que os depósitos bancários tradicionais. Como resultado, uma enorme quantidade de dinheiro fluirá para as "caixas" dos reguladores. Tais medidas irão comprometer o sistema bancário, ameaçando seu colapso.
Outro problema é a prioridade da moeda fiduciária para a maioria dos europeus. Eles não planejam abrir mão de dinheiro, o que retarda a implementação do euro digital. De acordo com o Banco de Compensações Internacionais, os pagamentos com cartão são usados com menos frequência na zona do euro do que em outras regiões. No entanto, a pandemia COVID-19 está fazendo seus próprios ajustes. Recentemente, os europeus estão usando cada vez mais cartões, embora a quantidade de pagamentos eletrônicos e em dinheiro esteja quase no mesmo nível.
Segundo analistas, a moeda digital pode ser uma das formas do BCE demonstrar sua solvência e avanço na inovação. Outro fator a favor da introdução do cripto-euro é o desejo de contornar o dólar, e por uma grande margem, já que o Fed é lento para lançar uma moeda semelhante. Assim, a introdução do euro eletrônico é uma questão de honra para o BCE, bem como uma forma de reforçar o papel internacional da moeda única, aumentando a sua procura por parte dos investidores estrangeiros.
Muitos especialistas concordam que a introdução do euro digital não apenas enfraquecerá a posição do dólar, mas também o privará de seu papel dominante. Como resultado, o mercado financeiro será dominado pelo euro - tanto em formato eletrônico quanto em papel. Economistas veem o principal perigo no enfraquecimento do sistema bancário tradicional, que por hábito pode falhar. A este respeito, os especialistas recomendam não ter pressa em lançar o euro virtual, mas sim calcular todos os riscos e possíveis consequências negativas, bem como prever as saídas para eles.
