O dólar está se fortalecendo, e o índice do dólar (DXY) está subindo no início da sessão europeia de hoje.

O motor do crescimento atual do DXY é a libra esterlina (sua participação no DXY é de cerca de 12%). A libra esterlina tem caído ativamente desde a abertura do dia de negociações de hoje, e especialmente desde o início do pregão europeu após o lançamento de um relatório de vendas a varejo mais fraco do que o esperado pelo Escritório Britânico de Estatísticas Nacionais (em março, as vendas a varejo caíram 1,4%, enquanto os economistas esperavam uma queda de 0,2%) e um relatório da Markit Economics, indicando uma queda no índice composto de gerentes de compras (PMI) do Reino Unido em abril para um mínimo de 3 meses de 57,6, de 60,9 em março (a previsão era de 58,5 ). Os valores acima de 50 indicam um aumento na atividade, entretanto, uma queda relativa no indicador pode afetar negativamente as cotações da moeda nacional.

O declínio no índice composto de gerentes de compras da S&P Global/CIPS também foi atribuído a preços mais altos e ao aumento do custo de vida. A S&P enfatizou que a Covid-19 continua a ter um impacto negativo em muitas empresas. Além disso, as consequências do Brexit e o aumento do prazo de entrega continuam a retardar as vendas de exportação, enquanto o conflito militar na Ucrânia e as sanções impostas à economia russa afetam negativamente o comércio exterior do Reino Unido.

O indicador de confiança do consumidor da GfK divulgado ontem, que caiu abril para o nível mais baixo desde 2008 – 2009 para -38 (após cair para -31 em março), só complementa o quadro negativo atual para a libra.

A possível renúncia do Primeiro-ministro Boris Johnson também é acrescentada aos fatores negativos acima.

Hoje, os participantes do mercado que seguem as cotações da libra estarão atentos ao discurso (às 14h30 GMT) do governador do Bank of England, Andrew Bailey. Os participantes do mercado financeiro estão aguardando o esclarecimento dele a respeito da futura política do banco central do país nas condições atuais de uma forte deterioração da situação geopolítica na Europa e dos indicadores econômicos no Reino Unido. Bailey também pode dar explicações a respeito da decisão tomada pelo BoE há um mês de aumentar a taxa de juros (a próxima reunião está marcada para maio de 05) e abordar o estado e as perspectivas da economia britânica após Brexit e o levantamento parcial das restrições de quarentena devido ao coronavírus. Se Bailey não tocar em questões de política monetária, a reação ao seu discurso será fraca.

Enquanto isso, o dólar recebeu apoio após as declarações de ontem do presidente da Reserva Federal, Jerome Powell, sinalizando a possibilidade de aumentar as taxas de juros em meio ponto percentual em maio. Ele também deixou claro que tais aumentos podem ser necessários no futuro para reduzir a inflação. "É apropriado, em minha opinião, estar se movendo um pouco mais rapidamente", disse Powell.

Powell salientou que o mercado está "superaquecido" e que seu trabalho é levá-lo a uma mistura mais construtiva de oferta e demanda. O Fed, segundo ele, está principalmente "focado na redução da inflação".

"A economia não funciona sem estabilidade de preços", disse Powell.

O Fed está tentando lidar com a difícil tarefa de proporcionar uma "aterrissagem suave" para a economia, ao mesmo tempo, em que ajuda a reduzir a inflação. "Acredito que você não ouvirá ninguém no Fed dizer que isso será simples ou fácil", disse Powell.

Os investidores esperam agora que o Fed aumente as taxas em 50 pontos base em cada uma das duas próximas reuniões, e a crescente divergência nas curvas de política monetária condicional do Fed e de outros grandes bancos centrais globais irá fortalecer ainda mais o dólar e levantar o índice DXY, dizem os economistas.

Enquanto isso, hoje o par GBP/USD atualizou o mínimo desde novembro de 2020, atingindo também um mínimo intradiário próximo a 1,2865. O próximo alvo imediato em caso de uma nova queda é 1,2800, 1,2700 e 1,2685.