No início da nova semana de negociação, o dólar americano voltou a se lembrar de si mesmo. O dólar fortaleceu suas posições em todo o mercado em meio ao crescente sentimento anti-risco. O euro, por sua vez, ficou sob pressão adicional após o relatório da Bloomberg de que o risco de recessão na zona do euro atingiu seu nível mais alto desde julho de 2020. Como resultado, o preço do EUR/USD despencou novamente abaixo do nível de paridade, nivelando assim todas as conquistas dos compradores do par alcançadas na semana passada.
Para desenvolver um crescimento corretivo, os touros do EUR/USD precisam pelo menos ganhar uma posição acima da marca de 1,0050 (a linha Tenkan-sen no gráfico diário). Este é um programa mínimo, enquanto, idealmente, os compradores devem ultrapassar a próxima barreira de preço em 1,0080: nesse ponto de preço, a linha do meio das Bandas de Bollinger coincide com a linha Kijun-sen no mesmo período.
No entanto, os traders não conseguiram manter o par acima do nível de paridade. O contexto fundamental atual contribui para o fortalecimento do dólar com um enfraquecimento simultâneo do euro.
O dólar está ganhando força por duas razões principais. É preciso lembrar que a reunião da Reserva Federal (Fed) de setembro acontecerá nesta semana. Os últimos relatórios macroeconômicos (especialmente no campo da inflação) fortaleceram a confiança dos traders de que, após esta reunião, os membros do regulador aumentarão a taxa de juros em 75 pontos e farão uma retórica agressiva sobre o ritmo de aperto monetário.
Além disso, após a publicação dos dados sobre o crescimento do índice de preços ao consumidor, havia tímidas suposições no mercado de que o Fed pode decidir por um aumento de 100 pontos na taxa. A probabilidade de realização deste cenário é estimada em 35%. Na minha opinião, este é um cenário extremamente improvável. Mas mesmo o próprio fato de esse cenário ser objeto de discussão fornece suporte de fundo ao dólar.
Conforme as previsões gerais, o Fed realmente aumentará a taxa em 75 pontos, mas, ao mesmo tempo, sinalizará que manterá um ritmo "moderadamente agressivo" de aumentos de taxas. Isso significa que o regulador provavelmente aumentará em incrementos de 75 pontos em novembro e dezembro.
No entanto, a moeda dos EUA continua flutuando não apenas devido ao fortalecimento das expectativas mais agressivas. O crescimento atual do índice do dólar americano deve-se à fuga de ativos de risco. O foco está em outra onda de tensão entre os EUA e a China em meio à "questão de Taiwan".
O fato é que, no fim de semana, o presidente dos EUA, Joe Biden, disse que os militares dos EUA defenderiam Taiwan "no caso de invasão da China". Ele afirmou isso em uma entrevista à televisão CBS. Quando o jornalista perguntou ao presidente se isso significaria que os militares dos EUA estariam envolvidos na defesa da ilha, Biden respondeu positivamente, acrescentando "se este é um ataque sem precedentes".
Esses comentários do chefe da Casa Branca provocaram uma escalada de tensões geopolíticas no início de uma nova semana de negociações. Apesar de Biden ter repetido na mesma entrevista que os Estados Unidos não apoiam a independência de Taiwan e continuam comprometidos com a política de "uma China" (segundo a qual Washington reconhece oficialmente Pequim, não Taipei), a China reagiu com bastante dureza às declarações do líder americano. . O Ministério das Relações Exteriores da China protestou, dizendo que tais comentários "violam grosseiramente o Princípio de Uma China, as disposições dos três comunicados sino-americanos e o compromisso dos EUA de não apoiar a independência de Taiwan".
A moeda europeia também ficou hoje pressionada, reagindo ao material analítico publicado pela Bloomberg. Descobriu-se que a probabilidade de uma recessão técnica – uma redução do PIB por dois trimestres consecutivos – aumentou para 80% nos próximos 12 meses. A maioria dos economistas consultados pela agência fez uma previsão tão sombria. Ao mesmo tempo, eles falaram anteriormente sobre uma probabilidade de 60% desse cenário se tornar realidade. Isso se deve à crise energética, que só se agravou nos últimos anos. Assim, pesquisas com representantes de empresas europeias mostram que a atividade vem caindo consistentemente desde julho, "e há muito poucos sinais de melhora no curto prazo". O principal alvo é a economia alemã, como uma das mais vulneráveis em relação à redução da oferta de gás. Segundo analistas, a economia alemã começará a cair já no trimestre atual.
Assim, o cenário fundamental prevalecente continua a pressionar o par EUR/USD. Isso indica a prioridade das posições curtas. É aconselhável inserir vendas em retrações ascendentes (na área de 1,0030-1,0050). As metas de baixa são 1,0000, 0,9970 e 0,9950 (a linha inferior do indicador de Bandas de Bollinger no gráfico de quatro horas).
