Se alguém não acredita que existe uma crise, olhe para o mercado de commodities. O ouro, que é tradicionalmente considerado pelos investidores como um ativo porto seguro, está crescendo aos trancos e barrancos e flertando com a marca psicologicamente importante de US$ 2.000 a onça, enquanto o Brent está caindo no abismo. Mas o petróleo é uma espécie de indicador da saúde da economia global; seu declínio sinaliza que nem tudo está bem com a economia. Quando os bancos sofrem, o crédito também sofre; o otimismo sobre o crescimento do PIB desaparece e a demanda por petróleo diminui. É de se admirar que as cotações dos futuros do Mar do Norte tenham caído?

A conjuntura "de baixa" do mercado de petróleo está acabando com os últimos otimistas. O Goldman Sachs, que anteriormente esperava que o Brent subisse para $100 por barril já em 2023, abandonou sua previsão positiva. Obviamente, a demanda não é tão forte quanto se pensava anteriormente, a China não está se recuperando na velocidade esperada após sair das restrições relacionadas à COVID-19 e a recessão nos EUA chegará antes do esperado.

Dinâmica do petróleo e do ouro

A situação da oferta não é melhor para os "touros" da variedade Mar do Norte. Parece que a Rússia estava apenas assustando o Ocidente e outros países ao cortar a produção em 5%. De acordo com fontes comerciais e estimativas da Reuters, as exportações de Urals, KEBCO e Siberian Light dos portos ocidentais da Rússia aumentarão 9% em março em comparação com fevereiro.

Moscou encontrou alguém para vender seu petróleo e outros produtos. De acordo com a alfândega chinesa, a China importou 7,69 milhões de toneladas de petróleo bruto da Rússia em fevereiro, o equivalente a 2 milhões de bpd. Ele ultrapassou a Arábia Saudita para se tornar o maior fornecedor de petróleo para a maior economia da Ásia. Em comparação, a oferta de Riad em fevereiro caiu 29% em relação ao mês anterior, para o nível mais baixo desde junho.

Dinâmica das importações chinesas de petróleo da Rússia e da Arábia Saudita

Obviamente, o principal motivo da mudança de sócios foi o preço. A Rússia está reduzindo e conseguindo novos contratos. O mesmo pode ser dito sobre as exportações de petróleo dos EUA para a Europa. Devido à diferença de preço entre Brent e WTI e à redução da demanda das refinarias americanas, a oferta de petróleo dos EUA para a UE em março atingiu o recorde de 2,1 milhões de bpd.

Assim, a oferta global não está diminuindo, pelo contrário, está aumentando, e a dinâmica da demanda mundial deixa muito a desejar. Não surpreendentemente, o mercado está superavitário, os estoques de petróleo estão crescendo e os preços estão caindo. Sua estabilização exige que o tema da crise bancária nos Estados Unidos e em outros países desapareça da primeira página do noticiário, e a atitude da China em relação à Rússia mude para pior.

Tecnicamente, no gráfico diário, o Brent está tentando encontrar o fundo perto do ponto de pivô de $71,5 por barril. Se o preço cair, precisaremos fixar os lucros nas posições vendidas formadas a partir de $79,2. Caso contrário, haverá uma oportunidade de aumentá-los na esperança de continuar o pico de $67,5 por barril.