Na quinta-feira, 26 de outubro, o Banco Central Europeu realizará sua reunião ordinária, que é a penúltima deste ano. Por um lado, os resultados formais dessa reunião são predeterminados: o órgão regulador provavelmente manterá os parâmetros de sua política monetária como estão. Por outro lado, a reunião de outubro pode provocar maior volatilidade no par EUR/USD se a retórica durante a reunião de acompanhamento e os comentários de Christine Lagarde forem muito diferentes dos de setembro.
No geral, a maioria dos estrategistas de moedas dos principais bancos não espera que o BCE aumente as taxas de juros ainda este ano. Os dados recentes sobre o crescimento da inflação na Zona Euro apenas reforçaram essa convicção. Em setembro, o Índice de Preços ao Consumidor geral caiu para o nível mais baixo dos últimos dois anos, atingindo 4,3%. O CPI central também diminuiu para 4,5%, registrando o menor aumento desde agosto do ano anterior. A estrutura do relatório de setembro indica que a inflação diminuiu em todas as categorias de preços, e os preços da energia continuaram a cair pelo quinto mês consecutivo.
Isso sugere que as medidas monetárias implementadas anteriormente estão "funcionando", e atualmente não há necessidade de um aperto adicional da política monetária. Além disso, o desempenho do crescimento econômico europeu tem sido decepcionante. Lembre-se de que a avaliação final do crescimento do PIB da Zona Euro foi revisada inesperadamente para baixo: segundo os dados atualizados, a economia da região cresceu apenas 0,1% trimestre a trimestre no segundo trimestre (a estimativa inicial era de 0,3%). O cálculo anual também foi revisado para baixo (0,5% ano a ano, em vez dos 0,6% anteriores). Dados preliminares para o terceiro trimestre serão publicados no final deste mês, após a reunião de outubro do BCE.
Na terça-feira, os índices PMI também decepcionaram. Os indicadores europeus globais para o setor de manufatura e o setor de serviços estavam na "zona vermelha", bem abaixo da marca de 50 pontos.
Outra razão de preocupação é o fraco crescimento do crédito ao consumidor na Zona Euro. Em setembro, ele aumentou apenas 0,8% em relação ao ano anterior, marcando o valor mais baixo desde junho de 2015. Entre as razões para essa fraca dinâmica estão as crescentes preocupações com uma recessão na Zona Euro e as altas taxas de juros. Além disso, foi revelado que o indicador da oferta monetária (agregado M3) na Zona Euro diminuiu 1,2% em relação ao ano anterior no mês passado, totalizando €16,02 trilhões. Esse indicador tem permanecido na faixa negativa pelo terceiro mês consecutivo, após uma queda de 1,3% em agosto.
Em outras palavras, todos os indícios apontam para a manutenção do status quo, não apenas na reunião de outubro, mas também, pelo menos, na subsequente reunião de dezembro, onde as previsões macroeconômicas trimestrais serão apresentadas.
Ao mesmo tempo, é improvável que o banco central levante a questão da redução das taxas de juros. Claramente, é cedo demais para falar sobre isso neste momento. Embora a inflação esteja mostrando uma tendência de declínio, ainda está longe do nível alvo. Segundo o economista-chefe do BCE, Philip Lane, o banco central europeu precisará de tempo adicional, "provavelmente até a primavera de 2024", antes que o BCE possa garantir uma redução da inflação para os níveis alvo. Portanto, é provável que o Banco Central Europeu nem sequer discuta o tema dos cortes de taxas hipoteticamente. Essa circunstância pode apoiar indiretamente a moeda europeia. Além disso, o BCE provavelmente não discutirá acelerar o aperto quantitativo (QT).
No geral, é improvável que o regulador europeu tome qualquer "medida brusca" na reunião de outubro. A política monetária permanecerá inalterada, juntamente com as principais formulações na declaração acompanhante. Lagarde reiterará as teses mencionadas anteriormente, incluindo que as taxas de juros permanecerão no nível atual "pelo tempo que for necessário", e, se necessário, o banco central considerará um aperto monetário adicional.
Em outras palavras, o regulador pode expressar preocupação sobre eventos fundamentais recentes. Em particular, o BCE pode manifestar inquietações em relação ao conflito no Oriente Médio, que elevou os preços do petróleo mais uma vez. Dado que esse fator pode impulsionar a inflação na região europeia, o BCE incluirá isso na lista de riscos existentes. O banco central também pode comentar sobre a previsão revisada do déficit na Itália, que levou a um aumento no custo de serviço da dívida nacional.
No entanto, é muito provável que esses fatores fundamentais não resultem em decisões ou mudanças significativas nas políticas. O Banco Central Europeu expressará suas preocupações "verbalmente" sobre as possíveis consequências, mas, "na prática," continuará a seguir a abordagem de esperar para ver, que foi declarada em setembro.
Vale ressaltar que até mesmo os resultados "neutros" da reunião de outubro podem fornecer algum apoio modesto, porém limitado, ao euro. Após o lançamento dos dados de inflação da Zona Euro de setembro e os fracos números de crescimento econômico na Europa, muitos esperam que o BCE sinalize uma postura dovish ou pelo menos insinue uma redução no afrouxamento quantitativo no primeiro semestre de 2024. Portanto, se o BCE simplesmente reafirmar as principais teses da reunião de setembro, o par EUR/USD pode tentar retornar ao nível de 1,6 e até mesmo se aproximar do nível de 1,7. Mas não mais que isso, já que a reunião de outubro, em qualquer caso, não servirá como um "trampolim" significativo para o euro.
