Um passo para frente, dois passos para trás. Após uma pequena alta, o petróleo novamente caiu abaixo dos níveis do início do conflito armado na Ucrânia, e o spread de alta de curto prazo nos contatos futuros do Brent caiu de US$ 2,08 no início de agosto para US$ 0,67. E como poderia ser de outra forma se, no contexto de uma economia global em declínio, os investidores se deparam não apenas com uma desaceleração do crescimento da demanda global, mas também com a perspectiva de aumento da oferta.

Apenas uma das três principais organizações do mercado de petróleo, a Agência Internacional de Energia, elevou suas previsões para o crescimento da demanda por petróleo em 2022-2023. Os outros dois, OPEP e US Energy Information Administration, pelo contrário, os reduziram. No entanto, não se deve ser muito otimista sobre as estimativas da AIE. De fato, as previsões foram alinhadas com as opiniões de outras organizações de autoridade.

Tendências nas previsões de demanda global de petróleo

Estatísticas decepcionantes da China e dos EUA e o risco de aprofundar a crise energética na Europa à medida que o inverno se aproxima, sugerem que a OPEP e a EIA estão certas: o quadro da demanda global não parece tão cor-de-rosa quanto antes. A produção industrial da China em julho aumentou 3,8% e as vendas no varejo 2,9%, ficando aquém das previsões dos especialistas da Bloomberg de 4,6% e 5%, respectivamente. A atividade manufatureira no estado de Nova York foi a segunda pior desde 2001, e o sentimento dos construtores foi o mais longo declínio desde 2007.

O potencial aumento da produção também contribui para a redução do spread nos futuros de Brent próximos. Nos EUA, crescerá para 9,049 milhões de bpd até setembro, segundo estimativas da EIA, que é a maior desde março. Na Bacia do Permiano, atingirá o recorde de 5,408 milhões de bpd. Ao mesmo tempo, a Líbia está aumentando a produção, e a proximidade do acordo nuclear do Ocidente com o Irã só adiciona combustível ao fogo de um potencial aumento da oferta e contribui para uma diminuição nas cotações para a variedade do Mar do Norte.

Dinâmica do spread de curto prazo dos futuros de Brent

Talvez o mercado esteja superestimando o fator de aumento das exportações do Irã. Obviamente, levará tempo para Teerã construí-lo, e o efeito rápido não será tão "de baixa" quanto se espera atualmente. Além disso, a resposta do país à proposta final do Ocidente não é anunciada. É provável que não se adapte à Europa e aos EUA, o que levará a um aumento de preços no curto prazo. O fator iraniano seja uma espécie de pêndulo para o mercado de petróleo: não se sabe em que direção ele oscilará.

Tecnicamente, no gráfico diário, a queda do Brent abaixo da mínima local de US$ 92,9 aumentará os riscos de continuar o pico em direção à zona de convergência de US$ 89-91 por barril. Se falhar, a queda para US$ 84–85 continuará. Essas marcas estão localizadas na zona de reversão do padrão de Onda Wolfe.

Recomendação: Vendas de curto prazo com uma transição subsequente para longos de médio prazo na recuperação dos principais suportes.